quinta-feira, outubro 22, 2009

TT, BTT e afins…

Num blog temático, embora tente diversificar cada vez mais os temas abordados, é natural que de vez em quando caia-se na repetição e até na contradição.

Já muitas vezes referi a minha relação íntima com o Todo-o-terreno, inicialmente com as motos e mais recentemente com as bicicletas. É uma relação que nunca foi exactamente como queria e nem sempre tem sido amigável, com eventuais avanços e retrocessos.

Se passei anos a sonhar com a moto de TT ideal, quando tive oportunidade de ter uma (que não a ideal), se calhar já foi tarde, e para mim a linha entre o divertimento e o sofrimento era muito ténue. Decidi que não era aquilo que pretendia, talvez mesmo de forma definitiva.

Há menos de 1 ano, com a compra da bicicleta, uma BTT, claro, verifiquei que tinha uma nova oportunidade, mesmo que em parâmetros diferentes, de usufruir das mais-valias do todo-o-terreno e tirando partido da parte física, também essencial. Podia concretizar o meu gosto de forma mais segura, menos dispendiosa, mas igualmente divertida.

É certo que também surgiram alguns constrangimentos, mas basicamente só quando tentei dar um passo maior do que a perna, ou seja, forcei demasiado no capítulo das minhas disposições e limitações.

Isso não volto a fazer, pelo menos conscientemente, sem ter algumas bases para tal, como sejam a técnica e acima de tudo a auto-confiança, mas não será propriamente uma das minhas prioridades pois tenho uma forma própria de encarar esta actividade e mesmo tentando sempre fazer mais e melhor, o que implicará esforço e risco, tenho limites e sempre presente o binómio divertimento/sofrimento, com clara prioridade para o primeiro factor.

No BTT, como em tudo, tento pautar a minha vida pelo equilíbrio, mas contraditoriamente, às vezes considero-me e tenho atitudes de extremos – 8 ou 80! Mas isto já é outra conversa...

Sou claramente um ciclista de lazer e é assim que me apresento tanto na teoria, com a Licença de Betetista da Federação Portuguesa de Ciclismo, como na prática, com uma postura basicamente entusiasta em cima da bicicleta.

Isso não quer dizer que nos percursos habituais, não tente a cada passagem melhorar ao nível da velocidade, do à vontade a ultrapassar obstáculos, de “trepar” aquela subida muito íngreme sem desmontar, mas dentro dos limites por mim pré-estabelecidos.

De facto, com a prática isto acontece e é estimulante apercebermo-nos da nossa evolução, mas é este mesmo entusiasmo que por vezes leva a excessos, nada que uma eminência de queda, ou uma queda efectiva não arrefeça. Digamos que é o lado regulador de uma coisa que não é boa, nem aqui, nem em parte nenhuma, mas que faz parte.

Esta atitude limitada, dirão alguns, também não me impede de estar sempre a ver bicicletas, pensando num possível “upgrade”. Sim, porque também gosto de coisas boas e reconheço as diferenças. Se uma suspensão total em carbono de apenas 2 pratos pedaleiros, “ready to race”, será um desperdício, uma FS ou uma rígida com um quadro ligeiro em alumínio, uns travões hidráulicos e uma forquilha eficaz, seria bem-vinda, obviamente.

Posturas à parte, o que sei é que já não ando à 2 semanas de bicicleta e dou por mim a pensar naquele gancho a descer que faço em derrapagem, naquela descida escorregadia com pedra solta que desço à força de braços pendurado no travão de trás, naquela subida em que agarro as extensões e “martelo” nos pedais de pé e na travessia daquele curso de água, que actualmente faço mais devagar pois preciso dos sapatos secos para o Cycling no dia seguinte!

7 comentários:

Tiago Martins disse...

Rui,

Aquilo que falas em ultrapassar melhor os obstáculos é a base da competição. Um ciclista de lazer, como te auto defines pode dar uns passeios e pode igualmente fazer uma prova a sério na boa.

Felizmente cada pessoa é que estabelece as suas próprias metas.

Todos fazem falta e muitas pessoas por pensarem "I'm no pro!" ficariam surpreendidas ao fazerem as provas.

Já vi alguns que começaram na Promoção e hoje, com mais dedicação e trabalho é certo, são referências...

Think about it...

Abraço

Anónimo disse...

Boas Tiago!

Não discordo do teu ponto de vista.

Mas sabes por experiência própria, que a competição exige uma dedicação que nem sempre é compatível com a nossa vida ou com o nosso modo de vida...

Acaba por ser uma questão de disposição...

Ludovic disse...

Percebo esse teu post. A questão do tempo e disposição para tal é um ponto importante, muito mesmo, e pode-te encaminhar ou nao o caminho para avançar para outros voos, outras máquinas. Mas, o que conta mesmo, é o gosto q tens pela bicicleta, por estar a pedalar, sózinho ou em grupo, no meio do mato, ou na estrada, a cair e levantares-te, etc. A bicicleta nova mais apetrechada, como todos nós "os viciados em bicicletas" sabemos, é aquela "motivação extra" para sairmos mesmo com o mau tempo, debaixo de chuva, ou c/ a ventania, ou simplesmente ir mostrar a bicicleta para a avenida :P, é "aquela desculpa nova" para sair a pedalar.
...As quedas, desde q nos levantemos sózinhos, são boas. Aprendemos sempre de como n fazer para a próxima vez.
...E o bom disso, é q vamos sempre aumentando as fasquias, mas isso faz parte do ser humano, é bom, é a evolução, a vida. ;)

Abraço

Mister disse...

"...E o bom disso, é q vamos sempre aumentando as fasquias, mas isso faz parte do ser humano, é bom, é a evolução, a vida. ;)"

2009, citado por Ludo

Confesso que quase ía soltando uma lágrima... ;)...lindo!!

Eu falo por experiência própria que "jamé" me iria envolver em competição, em levar o ciclismo mais a sério e quando dei por mim, num espaço dum ano, já tinha realizado todas as provas de XC e ...estrada (quem me conhece sabe que a estrada era quase uma utopia).
O que me fez mudar de atitude? Ter conhecido as pessoas certas, que me mostraram o gosto pelo ciclismo, que me desafiaram e incentivaram a superar os meus limites, a beleza da ilha, o cicloturismo e (o mais importante) o santa clara. Fazer parte de um clube é o maior estímulo para sair de bicicleta mesmo naqueles dias chatos e enfadonhos, há sempre alguém que está disponível para dar umas voltinhas e pôr a conversa em dia, mas a diferença é que agora essas voltas fazem-se respeitando zonas de treino. Os resultados da progressão vão aparecendo lentamente e sabe bem ao nosso ego tirar um bom resultado numa prova de xc ou estrada!
Mas para isso é necessário começar por algum lado e o primeiro passo é "aparecer" nos pontos de encontro combinados nos blogs. Há diferentes andamentos e todos esperamos uns pelos outros!
Depois é tirar a licença desportiva, fica-se com um seguro de responsabilidade civil e acidentes pessoais e só vem reforçar o excelente trabalho da Associação de Ciclismo dos Açores, para que futuramente haja mais apoios financeiros para a criação de mais provas de resistência e maratonas!

Depois vem o lado humorístico das pedaladas: desde quedas, banhos de merdume (faz bem à pele), depois das 13h há sempre o receio de levar com a frigideira, uns levam barras energéticas outros vão munidos de sandes de chouriço e fufas...

Mas acreditem que vale bem a pena!!!!

Força nas canetas!

Mister

Kadete disse...

Hei Mister, isso é qué falar!!

Sérgio disse...

Ele tá a aprender contigo kadete! ;)

Daiwana disse...

Isso da competição, só desatino com o facto de ser sempre às voltas. Já se for uma avalanche, ou uma maratona, ou mesmo um DH (se bem que são muito poucos Kms), já acho mais piada, pois a malta anda os mesmo Kms, ou mais, sempre em sítios diferentes (com paisagens muitas vezes lindíssimas), e já transmite uma maior sensação de aventura, mesmo para quem não tem ambições nenhumas na classificação. Pelo menos, pelo que vejo e leio nas revistas, parece-me muito mais interessante e igualmente difícil. A estrada também parece ser um pouco assim. É só ver na TV os tours, e os sítios por onde os atletas passam. A associação nunca pensou fazer alguma coisa do género cá?