sábado, fevereiro 18, 2012

O “meu” 2.º Raid BTT Cellulem Block…


Falar em “cenas à Cabral” nos meandros do enduro micaelense, é falar em incursões matinais (logo ao, ou antes do, nascer do dia), pelos locais mais inóspitos e improváveis, onde andar com as motas às costas é quase certo…
O protagonista destas “cenas” reservadas única e exclusivamente às motas, é o conhecido André Cabral, curiosamente o mesmo que avançou recentemente com a organização de eventos Raid dedicados às bicicletas. É curioso que tenha vindo alguém das motas apresentar um formato, que não sendo novo, não deixa de ser uma novidade na realidade atual das bicicletas, ainda para mais quando à sua volta nunca houve tanto dinamismo, organização, intervenientes, adeptos e praticantes como agora!

Independentemente da sua origem, o facto é que o formato, pelas suas características e acessibilidade, suscitou muita curiosidade e granjeou grande participação, mantendo um equilíbrio notável no número de equipas inscritas em ambas as edições, número muito próximo da meia centena. Muitas caras conhecidas, mas também muitas caras novas a aparecerem. Aliás, posso deduzir de conversas que mantive antes e depois deste evento, que algumas mais haverão, só que ainda presos a algo facilmente ultrapassável, o preconceito de não possuírem sentido de orientação!
Eu também não sou propriamente um GPS e acho que grande parte da graça do evento se deve ao seu percurso secreto e à existência do road-book.
E depois há a grande preocupação em não fazer má figura. Para se tirar o devido proveito de um evento destes, em vez de centrar a atenção na partida e na chegada, ou seja, partir rápido e chegar depressa, há que apreciar o que se passa pelo “meio”…


É deste “meio” que venho aqui falar, é este que para mim importa, porque senão poderia resumir a minha (nossa) participação assim: 7º lugar da geral em 43 equipas.
Ok, o lugar deixa-me satisfeito, mas não deixa de ser demasiado redutor, não é?!
Neste “meio”, nalguns locais de controlo reinava a descontração e a boa disposição. Havia fotógrafo de serviço. Surpreendentemente, até havia uma carrinha de uns controladores que exibia chouriços pendurados, aliás os mesmos foram devidamente confecionados à “bombeiro” e para além do consumo por parte de quem os confecionou, foram oferecidos aos participantes, tal como cervejas devidamente armazenadas! Não bebo bebidas alcoólicas, mas não resisti provar as rodelas de chouriço gentilmente oferecidas.
Pessoal que se levantou cedo numa manhã ranhosa de domingo, que apanhou vento, frio e chuva, para verificar o percurso, para marcar tempos, para verificar nomes de “santinhas”, de empresas e datas de postes de luz nas cartas de controlo dos ciclistas participantes e não estarem minimamente ralados com isso!

O tempo disponível para a realização de cada secção era suficiente, logo que não houvesse erros de maior na navegação. Foi engraçada a escolha da localização dos controlos 2 e 3 praticamente no mesmo local. Pior foi o túnel que tivemos de passar entretanto. Visibilidade reduzida (pelo menos para mim), camada de cascalho considerável devidamente revolvida e pedras com fartura, algumas pequenas, outras nem por isso!

O tipo de pisos percorridos foi novamente misto (terra/asfalto), desta feita, mais para os lados da Lagoa; A subida para os Remédios era engraçada, mas teria outra graça a descer; A especial cronometrada tinha uma zona inicial de trilho único peculiar, bem ao meu gosto, mas de resto era demasiado plana e rolante; Era preciso alçar a perna no tronco caído e levar a bike pelas paletes (parece que houve quem atirasse com a dita pelas paletes abaixo, eu não, minha rica bicicleta!); A data do poste nos Remédios ou estava bem escondida ou já estávamos a ver muito mal; Depois da Macela foi só acelerar… para quê? Para ficar ao frio à espera do minuto certo para controlar; Mesmo em cima da meta, mais uma prova que quem manda é o road-book e os km correspondentes, não o nosso conhecimento ou os outros. São as vicissitudes de um evento desta natureza. Um espetáculo!


Em suma, trilhos porreiros, animado convívio, ambiente alegre e descontraído, road-book certinho, vento, frio e chuva q.b. e claro, o chouriço à bombeiro… Até ao próximo!!!

Rui Pereira (e não Rui Ferreira como constava da lista de inscritos lol)