Apesar do nosso amigo "curioso" não ter dado a cara, a verdade é que se formos a analisar muitas das coisas que ele diz, diria que não anda muito longe da realidade.
Do ponto de vista Organizativo é óbvio que me entristece quando não vão às provas todos os atletas que julgamos que estariam em condições de ir.. porque dói a unha... porque está de ressaca... porque tem 1 compromisso... porque simplesmente não apetece. É chato, mas em qualquer parte do mundo isso acontece. Aqui é mais evidente porque somos poucos e a falta de 2 ou 3 nota-se mais do que deveria.
Mas para mim o problema maior não são (ou não deveriam ser) os atletas que falham de vez em quando às provas... são aqueles que não conseguimos trazer para as mesmas.
Acho que a solução do problema passa primeiro não por tentar convencer as pessoas a competir, mas sim por criar as condições para que isso se possa verificar.
Isso pode ser feito (na minha modesta opinião) do seguinte modo;
- Criar uma União Velocipédica que funcione de facto. Esse é sem dúvida o primeiro passo a dar. Temos de ter uma entidade que se preocupe apenas e só com as questões burocráticas e organizativas do ciclismo (cursos de formação, candidaturas a apoios, relatórios de provas) para deixar espaço para os clubes e atletas fazerem aquilo que lhes compete... competir.
- Criar uma estrutura para organização dos eventos/competições sem estar com a preocupação de tratar dos aspectos burocráticos (relatórios, cursos, inscrições)
- Formar pessoas. Temos de ter pessoas com formação para trabalhar nos clubes (treinadores) e na União velocipédica (comissários). A organização desses cursos é da responsabilidade da União Velocipédica.
- Ter Clubes que funcionem como tal. Tendo os clubes uma União Velocipédica que os apoie, uma entidade organizadora de provas, pessoal qualificado... ai sim... teremos condições para que os clubes façam o papel que lhes compete: ter atletas para os representar nas provas.
Os Clubes é que devem trabalhar no terreno para encontrar os atletas. Um clube em Santo António, outro em São Vicente, outro nos Fenais da Luz, 3 em Ponta Delgada, 2 na Ribeira Grande... os que quiserem. Não é o cartaz, não é o jornal... ajudam sem dúvida, mas são sobretudo as pessoas e o nome dos clubes.
Já há 2 anos que o NC anda no terreno a trabalhar nesse sentido. Mas com as questões organizativas das provas durante este ano, essa questão tem ficado para segundo plano, quando deveria ser a prioridade! Em Santo antónio já cheguei a levar mais de 15 míudos (e graúdos) para algumas provas. O Saldanha há 2 ou 3 anos criou um Núcleo de BTT em Rabo de Peixe e levous 10 míudos para uma prova nas Furnas. Se todos os clubes fizessem isso teriamos dezenas de atletas a participar... não estariamos sempre a discutir sobre os 2 ou 3 que de vez em quando faltam.
Para tudo isto o que é que é preciso????? RECURSOS HUMANOS... pessoas dispostas a trabalhar de facto pelo ciclismo. E faço umas contas por alto para as coisas funcionarem nos mínimos: 3 pessoas com vontade na União Velocipédica; 3 pessoas com vontade para Organizar provas; 1 treinador por cada clube; 5 pessoas com curso de comissário; mais 2 ou 3 pessoas em cada clube com vontade de trabalhar.
Depois disto meus amigos.. tudo é possível... até mesmo arranjar verbas para que os atletas não gastem dinheiro para praticar o desporto que gostam.
RECURSOS HUMANOS - ORGANIZAÇÃO - RECURSOS FINANCEIROS
Sonhar demais? Não.. apenas constatar como deveria ser. Estamos sempre a dizer que o ciclismo não tem isto, não tem aquilo e coisa e tal. Não tem... porque não tem pessoas nem condições para o ter. Não vamos culpar sempre o futebol. O Basquetebol tem apoios, o judo tem apoios, o hóquei tem apoios... porque são modalidades que estão organizadas, coisa que o ciclismo não está!
Não vamos entrar na critica fácil... mas também nãovamos alinhar nas soluções fáceis.
O que estamos a fazer este ano eu seu muito bem. Num escala de 1 a 10 diria que estamos no 1. Vamos ter pessoal para chegar pelo menos ao 7?
Fica aqui para discussão...