quinta-feira, agosto 17, 2006

As minhas 4 horas de Almoxarife!




O CIRCUITO
Tecnicamente o circuito não apresentava nenhuma dificuldade de maior, há excepção talvez da última descida antes de entrar no asfalto, pela irregularidade do piso. A maior dificuldade foi mesmo a longa subida de quase 1500 metros em estrada de terra. No local não parecia nada de especial, mas o gráfico não deixa lugar para enganos… a inclinação média é superior aos 5%, sendo que os últimos 500 metros eram ainda mais duros.
As minhas 27 voltas ao circuito em 4h07m, significam um desnível acumulado de 2235 metros e 86,1km percorridos. Para os vencedores com 29 voltas acrescenta-se mais 160 metros (2395m) e cerca de 93km percorridos. É muita uva… Por exemplo a título comparativo, a maratona de Portalegre em 2005 teve uma extensão de 102km e um desnível acumulado de 2710 metros. Andamos lá perto… A facilidade “visual” do circuito era apenas enganadora…

A PROVA
Às 10h00 já estava tudo preparado para iniciar a prova… os minutos antes tinham sido de grande azáfama… tanta que nem deu para fazer um pequeno aquecimento… mas numa prova de 4h quem precisa de fazer aquecimento? Só de pensar nisso um tipo já fica a ferver…
Pouco passava das 10 quando foi dada a ordem de partida… primeiros metros com tudo muito calmo, mas rapidamente o Cardoso assume a liderança. Pouco depois junta-se o Davide e ambos aceleram ligeiramente o ritmo. Começaram a definir-se algumas coisas ainda antes dos 1000 metros de corrida. Limitei-me a segui-los um pouco, mas ocorre novamente outra mudança de ritmo. Ai já não fui com eles… fiquei na minha pedalada. Na descida tentei recolar um pouco para ver o que dava, mas isso significava não recuperar em condições para nova subida e abdiquei da perseguição. Era óbvio que eles iam fazer a sua corrida, ajudando-se mutuamente no sentido aumentar a sua vantagem volta a volta. Os 2 juntos parecem uma máquina bem afinada a trabalhar para o mesmo lado e com resultados que estão à vista de todos… simplesmente imbatíveis!
As minhas opções a partir da primeira volta? Não entrar em loucuras… aguardar algumas voltas para ver o que dava a corrida… tentar minimizar as perdas… impor um ritmo que desse para pelo menos terminar as 4h de prova sem ser dobrado pelos 2 em pista. Podia ser que no fim eles acabassem por dar mais uma volta do que eu, o que é fácil de acontecer numa prova com tempo limite, mas pelo menos em pista não!
Ao fim de 4 voltas tinha perdido cerca de 2m45s… pensei que assim não daria para cumprir os meus objectivos e então acelerei um pouquito. A diferença manteve-se estável até à volta 10. Nessa altura senti que qualquer volta efectuada acima dos 8m15s significava perder tempo para os líderes. Aconteceu isso nas voltas seguintes onde voltei a perder algum tempo, mas nada de alarmar… estava a sentir-me bem. A meio da corrida (14.ª volta) estava com 4m34s de atraso, mas já com 2 voltas de avanço sobre o Ricardo e o Madruga. As “duplas” lá se iam entretendo, trocando os intervenientes quando a dor muscular apertava mais um pouco. Dei por mim sozinho, no meio de nenhures, com uma dupla imbatível a controlar a corrida e com a dupla perseguidora também a rolar junta mas já com um atraso substancial. Não é fácil correr nessas condições… havia que arranjar motivação e objectivos para manter o ritmo. A minha era terminar a corrida na volta dos líderes e mai nada…

15.º volta… buááááá´… pneu de trás furado… e agora? Estive até ao último minuto antes da prova começar, indeciso entre correr com os Maxxis Larsen TT ou os Continental Twister Supersonic, este últimos sem dúvida mais indicados para a prova dadas as características do circuito (além de que eram menos 400g de borracha em comparação com os Larsen). Escolhi os Larsen porque algumas zonas do circuito tinham restos das silvas que haviam sido cortadas dias antes e os twister têm alergia às silvas… só de as cheirarem furam.
Com o furo, a minha opção pela “fiabilidade” (com os Larsen) em vez da velocidade (Twister) foi por água abaixo. Estava eu parado na “boxe” a reparar o pneu quando fui dobrado… na roda deles reparei que ia também a minha motivação e o objectivo que tinha traçado para a corrida.
Enfim… restava terminar a prova… mas já sem aquela chama (basta olhar para os valores da pulsação média que baixou para as 150-160 pulsações). Os tempos por volta saltaram para os 9 minutos.
Para alegrar ainda mais o fim da festa, a partir da 22.ª volta constatei que tinha novo furo no pneu de trás, mas desta vez um furo lento… optei por não trocar o pneu… em vez disso ia enchendo com CO2 lá de vez em quando. 3 cargas de CO2 e 5 paragens depois para encher o pneu lá terminei as minhas 4 horas de prova.
Já em casa fiquei a saber a causa do 2.º furo… um pedaço de vidro que rasgou o pneu e ficou lá metido, acabando por furar a câmara-de-ar. Se essa foi ou não a causa do 1.º furo não sei… mas que a probabilidade de furar por um pedaço de vidro naquele circuito era escassa… lá isso era!
Antes da prova se me dissessem que ia dar 27 voltas diria que não… 26 já era um bom número. Mas no fim… no fim soube a pouco. Em condições normais teria dado 28 voltas sem problemas… 29?... Honestamente não sei… mas julgo que teria sido capaz.

OS ATLETAS
Não conhecia 90% das pessoas que lá andaram. Mas era evidente o empenho e entrega ao desafio colocado… novos e velhos… com máquinas “xpto” ou nem por isso… ver todos a darem o seu melhor foi bonito.
O João e o Davide estão noutra galáxia… não há mais a dizer.
A luta pela vitória nas equipas esteve ao rubro. Obviamente que estou muito satisfeito com a vitória do André e do Filipe (são da minha equipa… lol). O troféu entregue ao André, claro que sou suspeito, mas julgo que é de inteira justiça. O André tem levado este desporto a sério este ano e os resultados estão a começar a aparecer. O Filipe finalmente começa a dar mostras de maior consistência este ano.
Acho que o resultado do Clife e do Lourenço também é bom, dado o (pouco) volume de treino efectuado por ambos durante este ano. Têm potencial para muito mais… espero que se tenham apercebido disso.

A ORGANIZAÇÃO
Sem espinhas… esteve ao nível da prova.
Aquela música dos James antes da partida sem dúvida que foi bem escolhida… lol.
A sandes no fim da prova, depois de tanta bebida isotónica e barras energéticas, mais parecia um bife…
Soube bem chegar a uma prova e competir apenas, sem ter de me preocupar com mais nada… o mesmo não pode dizer o Survivor desta vez… lol

Isto ficou longo, mas também a prova o foi.
Ficámos à espera da edição de 2007!

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