sábado, fevereiro 09, 2008

Relançando o debate...

       
       O nosso corpo é como a bicicleta: se não fizermos a manutenção, ficamos como a bicicleta do Lourenço ficou. [risos] A fotografia corresponde ao Verão de 2006,  quando o Lourenço, João Paulo e eu descobrimos a essência do cicloturismo aventurando-nos por Santa Maria.

       O debate já esteve aceso como nunca por aqui. Gostei de ver e assim dá vontade de participar, por isso, aqui estou tentando relançar o debate. Falava-se em como obter força, de nutrição e métodos de treino, recordam-se? Portanto, tudo informação muito útil e aconselhável. Porém, para alargar ainda mais toda esta temática que foi abordada, vou puxar a brasa à minha sardinha, mas com muito devaneio pelo meio, claro, pois quando os dedos começam a agitar-se nas teclas com temas curiosos fica difícil parar.

       A dilecção de muitos por aqui — pelo menos é o que me parece — recai sobre a competição, logo ambicionam preparar-se para tal e concentram as perspectivas nesse sentido. Mas, e quem gosta de aventura na vertente do cicloturismo? Como me devo preparar ou agir para conseguir pedalar ao longo do ano de forma saudável, dando continuidade a esta forma de lazer de modo continuado ao longo da vida? Não acredito que para tal baste “pedalar e pedalar”. Naturalmente há cuidados a ter (por isso proferi o termo “saudável”), visto que muitas vezes pedalar deixa de ser saudável, sobretudo se exagerarmos — o que acontece, por vezes, na competição devido à sede de vencer que nos faz esquecer os limites —, entre outras situações com as quais muitos deverão estar familiarizados.

      Gostava de contar com a opinião de todos aqueles que tiverem o impulso de se voluntariar para me elucidar antes de lançar-me na leitura de livros e pesquisas cibernéticas que se tornam demasiado aborrecidas de tanto pormenor técnico que se encontra. Não sou metódico, muito pelo contrário, prefiro a simplificação e é esse género de esclarecimento que busco sendo muitas vezes muito melhor o parecer de quem realmente vive a essência do que se fala, alguém de quem se esteja mais próximo e conheça o meio em que nos inserimos, do que limitarmo-nos a teorias de quem não conhecemos e que desconhece o contexto que nos rodeia, daí que aqui seja o sitio ideal para colocar as minhas perguntas.

       O que aspiro é tão-só pegar na minha bicicleta durante a semana com a regularidade que o meu horário me permitir, que em termos de disponibilidade me dá cerca de duas horas antes ou depois das aulas, e assim fazer o percurso até aqueles sítios onde conseguimos apreciar a paisagem e encontrar sossego para reflectir e aliviar o stress que se acumulou ao longo do dia ou, no caso de ser antes de começar o dia, buscar a tranquilidade para enfrentá-lo. Assim, procurar também desfrutar pelo percurso, de ida e regresso, de umas subidas, descidas, trilhos, enfim, aquilo que quem pratica BTT, seja em que vertente for, gosta. Isto durante a semana, como forma de lazer, na essência do cicloturismo. Ao fim de semana, então, com muito mais tempo livre, de “mini mochila” às costas com o necessário para um longo e demorado passeio, pois trata-se de cicloturismo, nada de impor ritmos pesados, estar apto para levar uma manhã ou tarde inteira a pedalar, aventurando-se mais, partindo à descoberta e por sítios pelos quais às vezes a bicicleta tem de ir pela mão ou no ombro, sujeitando-se a pausas para “um lanche e umas fotografias à paisagem”. Do mesmo modo, em tempos de férias, apanhar o barco e tolerar a exigência de ter de pedalar muito ao chegar às ilhas em que me aventurar, com muito mais peso às costas. Nada disto é competição, mas decerto para tal não basta agir no sentido de pegar na bicicleta e partir em viagem.

       Em suma, para quem ao fim deste devaneio perdeu a pergunta, e agora após conhecerem o contexto, volto a perguntar: - Como me devo preparar ou agir para conseguir pedalar ao longo do ano de forma saudável, dando continuidade a esta forma de lazer de modo continuado ao longo da vida? Sejam livres de fugir à questão, apimentar a temática, mas sem esquecer que qualquer esclarecimento é bem-vindo!


Boas pedaladas a todos!



5 comentários:

Anónimo disse...

Algo que não referi no texto e que talvez tenha de ter em atenção e que pode tornar interessante o debate aqui é um problema de saúde que me apareceu quando tinha uns 19 anos...

Após um ano de sofrimento, lá decidi ir ao médico e já com os meus 20 anos, fiz inumeros exames médicos e chegou-se à conclusão que eu era... saudavel!

E agora? Pensei eu. Isso é bom, mas... não resolve o problema!

Portanto, conclui o médico que seria algo derivado a problemas de ansiedade, embora muito estranho seja isso, mas ponto final, nada havia a fazer... era saudavel e pronto, mesmo que às vezes me parecesse que algo estava errado.

No entanto, aconselhou-me o médico na altura a voltar a praticar desporto, talvez resultasse, mais "os comprimidos para me deixar mais calmo", enfim, e eu que sou muito agitado [risos]... muito pelo contrário.

E foi aí que me iniciei no ciclismo. A longo prazo, o tal problema desapareceu. Porém, 3 anos depois, agora já com 23 anitos, após ter parado de praticar a modalidade por falta de tempo o problema voltou... afinal o exercicio a longo prazo ajudava mesmo. Voltei ao médico e discuti todo o percurso clinico ele, e este concordou com as minhas conclusões e achou interessante, pois é, servi de cobaia... e o remédio foi "voltar a praticar ciclismo", mais uns comprimidos para alergias.

Agora perguntam-se: Mas que problema é esse de que fala o Clife?

Bem, é algo muito raro e que se tiverem um tempinho podem pesquisar, chama-se "urticrária colinergica"..

Se souberem o que é vão ver como é irónico, pois esse problema impede-me de fazer exercicio... há vários tipos de "urticraria", e aparento ter alguns, porém nenhum médico me curou até hoje, dizem ser "derivado a motivos emocionais no meu caso, ansiedade", todavia não sabem qual origem de tal problema, embora se saiba que seja devido a hipersensibilidade... alergia... bla bla bla.

Mas, segundo parece, devido ser uma alergia ao calor produzido ao fazer exercicio ou ao estar exposto ao sol quando está forte ou a mudanças bruscas de temperatura, após aguentar os sintomas que sinto ao fazer exercicio, a longo prazo crio tolerancia ao calor e aí a alergia deixa de aparecer... estranho não é? Imaginem o que é sempre que forem treinar o vosso corpo começar a queimar por dentro, numas picadas que se espalham pelo corpo todo, uma aflição que pode até causar ataques de panico ou dificuldade em respirar...

Ao pesquisar, encontrei algo no blog do Jormed sobre o treino aerobico que dizia que uma das vantagens deste é "melhorar a função termoreguladora, na qual o nosso organismo consegue dissipar melhor o calor produzido com o exercício"...

Voilá!!! Daí criar a tolerancia ao calor!!! Exercicio ajuda mesmo! Treino aerobico é o que eu preciso!!! Pior é que treinar sozinho é perigoso... e esta hein?

Agora ficam a perceber a principal razão porque não volto à competição, ou seja:

ansiedade + exercicio (para mim) é = reacção alergica. E como competição provoca ansiedade... "pum"... não dá.

CARLOS SILVA disse...

Grande Clife

Em relação à tua pergunta, penso que tudo o que se disser aqui, irá ajudar mais certamente algum leitor menos rodado nestas lides das 2 rodas - tu já tens muitos quilómetros em cima, acho que já deves saber (quase) tudo o que é necessário para praticar cicloturismo.
Em minha opinião, não havendo restrições de saúde (infelizmente parece que não é o teu caso...) tudo o que é preciso é equipamento adequado, uma bicicleta razoável, e tempo e vontade de andar nela...
Entendo por equipamento adequado um capacete (quem não concordar com o uso do capacete, veja um post do Filipe Sousa que está algures aqui no Biklas), uns calções com reforço (essencial para perfazer longas quilometragens).
Os sapatos de encaixe são muito úteis, mas não são condição necessária para praticar cicloturismo - uns ganchos de correia servem perfeitamente.
E agora, um ponto MUITO interessante - uma bicicleta «razoável».
Alguns considerarão razoável uma bike daquelas compradas no híper, por 100 € ou menos, outros haverão que só se sentam em meninas de 5000 €...
A questão é que todas elas são boas, agora depende do uso que se lhes vai dar.
Qualquer tentativa de ingressar por caminhos mais partidos ou com longas distâncias, numa bike barata, mais tarde ou mais cedo resultará certamente numa bela caminhada para casa com ela pela mão, ou numa dispendiosa viagem de taxi (já me aconteceu !).
Por outro lado, gastar o ordenado de um ano numa bicicleta, para depois apenas dar umas voltinhas com ela na Avenida, é, a meu ver, dinheiro mal empregue.
Quanto ao tempo e vontade, este é o maior problema da nossa sociedade actual.
Vive-se numa azáfama dos diabos, e quando chega ao fim do dia, não há condições para pegar na bicicleta e treinar...
Este entrave pode ser minimizado indo para o trabalho de bicicleta, por exemplo, ou com uns rolos em casa, ou ainda com uma ida ao ginásio 3 vezes por semana.
Resta o fim de semana, e aí sim, se houver vontade, vamos seguir as dicas do Clife, meter mochila às costas e pedalar.
É muito importante ter a noção que é preferivel treinar 3 horas por semana, divididas em 3 treinos de 1 hora cada, do que passar a semana sem fazer nestum e depois pedalar doidamente 5 horas no domingo !
Para acabar, deixo aqui duas dicas a quem está a pensar comprar bicicleta, mas ainda não o fez, porque acha que "não vai aquentar" e "vai fartar-se logo".
Para que isto não aconteça, é bom que comece por fazer tiradas pequenas, sem subidas, e vá aumentando gradualmente as distâncias e aumentando os desníveis.
Treinar em grupo é muito aliciante, mas pode ser um caminho rápido para a garagem, se os elementos do pelotão não forem relativamente homogéneos... Por vezes, basta apanhar um esfalfanço para nunca mais querer ver a bicicleta à frente !

jormed disse...

Pois é Clife... finalmente uns minutos para escrever no teu post.

Respondendo directamente ao teu desafio... vais-te passar, mas o melhor mesmo é "pedalar e pedalar"... lololol

Agora a sério. Para quem não faz intenções de competir e quer usar a bike apenas para diversão, não faz grande sentido falar em programação, intervalos de intensidade, cargas e outras coisas afins. É útil conhecer os conceitos associados ao treino, mas apenas numa perspectiva de saber a cada momento o que estamos a fazer ao nosso corpo, mas apenas isso.

Há contudo uma faixa prefencial de andamentos para quem quer fazer uns quilometros a curtir que é manter-se entre os 60 e os 80% da frequência cardiaca máxima (FCM)... é a zona ideal para quem quer manter uma condição fisica invejável, sem no entanto querer entrar a níveis competitivos.

Tudo quanto seja passar dos 85-90% da FCM não tem interesse, a não ser que seja apenas para vencer "aquela subida que nos tira o juízo porque lá em cima a vista é formidável"... percebeste a ideia?
Os treinos nos 85-90% e dai para cima só mesmo para quem quer treinar para competir!!!

Dá as tuas voltas como te apetecer mantendo-te entre os 60-80%.... acima disso apenas se te apetecer ou se não tiveres outra solução (dependendo do trilho que escolheste).
Abraço!

CARLOS SILVA disse...

É isso aí, Jorge.
A título de exemplo, posso descrever umas espectaculares ciclo-férias que fiz, sózinho, na Graciosa, há uns 4 anos.
Decidi ir até aquela ilha, de barco, provido apenas de uma bike, dum cartão Visa e duma tenda.
Estive 5 dias na Graciosa e 3 dias na Terceira.
Como estava muito destreinado, fiz cerca de 100 Kms, em 3 dias, antes de arrancar, e foi o suficiente para passar a melhor semana da minha vida - É verdade !
A sensação de estar a milhas de casa, sem conhecer ninguém, e estar dependente apenas das nossas pernas e duma bicicleta é indescrítivel...
De manhã ia fazer Kms, para conhecer a ilha, depois voltava ao camping, tomava duche, mas para ir almoçar tinha que montar na bike outra vez, e para ir para a praia também, e para ir jantar outra vez, lol... foi dose.
Perdi 5 Kgs nessa semana...

Anónimo disse...

Obrigado aos senhores!

Brincando brincando , mas se formos a ver não há nada melhor do que pedalar e pedalar lol...

Fiquei a saber o que precisava... agora só tenho de voltar a recuperar o hábito de pedalar com regularidade e o resto vem por acréscimo, pois já sei o que fazer...

Além de pedalar durante a semana também dedicarei maior parte dos fins de semana a caminhadas por trilhos, pois experimentei e gostei e assim quebro a rotina da pedalada e dá-nos uma outra noção do que precorremos sobre duas rodas!

pedalar e andar pelos nossos trilhos dá saúde e ilumina as ideias ;-)