quarta-feira, maio 17, 2006

E foram assim, os 100km’s de Portalegre em btt…

Faltavam 50 minutos para a partida, lá estava eu ao lado do Nuno Carvalho, quando apareceram: o Ludo e o Zanette, entre os três mil e tal ciclistas. Era algo magestoso. Todos estavam com a adrenalina ao rubro, à espera do tão desejado tiro de partida. De repente, ouviram-se os disparos, soltaram-se as “feras” e toca a pedalar, depois de uma noite mal dormida (…)
Foi então ke entendi o resgate de alguns valores adormecidos, o sentimento indescritível de companheirismo, a sensação de conquista e a abertura de novas perspectivas. Tudo isso veio ao meu pensamento enquanto percorria os 100km de Portalegre, por entre vales e montes, debaixo de um calor intenso, (28º.) comparado ao ke eu estava habituado…
O terceiro controlo de passagem foi o que mais me marcou. Eu era uma pessoa muito ansiosa e, nesse posto de abastecimento, não me alimentei. Pedalava sob muito calor e muito pó. Comecei a sentir-me mal. Percebi que não tinha parado para comer. Então, comi um chocolate e cheguei a senti-lo entrar no meu sangue. Isso deu-me um pouco mais de energia para continuar até a ao próximo controlo. Estava física e emocionalmente abalado, não conseguia raciocinar.
Após 5 horas e 14 minutos de sofrimento, estava eu no km 70, pensei: “vou conseguir o meu objectivo…as 6 horas” e, eis quando, comecei a sentir que ia ser atraiçoado pelas malditas cãibras. Foi uma sensação horrível. Depois desse momento, percebi o meu limite…
Foi então ke voltei a ver mais vezes o “grande” Zanette (a quem envio um abraço muito especial) com akele olhar ke lhe é peculiar mas um pouco desajustado pelo cansaço…Vi-o a pedalar com dificuldade, enquanto eu próprio, estava numa recta andando ao lado da minha bike. Pois, não podia com tantas dores nas pernas. Mais à frente voltei a vê-lo e testemunhei uma “branca” ke lhe passou pela cabeça, quando foi embater numa cerca de arame farpado. Parei e perguntei-lhe: “magoaste-te? E ele respondeu …Não! Estou bem”. Mas era visível no seu rosto o martírio contra o qual todos lutavam…
No quinto (penúltimo) controlo, parei para comer fruta, porque eu já não aguentava a dor traiçoeira das cãibras. Uns kms mais à frente caí e um outro ciclista perguntou: “precisas de ajuda?”. Eu respondi afirmativamente, no final, ele disse: “Agora pedala com garra e vai até ao fim açoriano do caneco!”. A partir daí, foi um monta e desmonta constante. Consegui sentir aquilo que eu realmente queria - a impressão de não ter rumo. Eu estava comigo, a bicicleta era o meu mundo e aquele cenário preenchia toda minha vida naquele momento. A alegria de estar perto da meta dava-me cada vez mais alento. Faltavam 60 metros, kuando ouvi: “força survivor”…era o Ludo com akela voz amiga e cansada, ke havia já terminado a sua prova, de “leão” ao peito. Senti um arrepio…Percorrer 100 kms, chegar ao fim depois de 7 horas a pedalar e ouvir uma voz conhecida, era algo de extraordinário, um momento mágico, para o culminar dakela aventura que para o ano vou repetir…
Não considero que tenha sido um acontecimento místico. Acredito que exista uma energia positiva que liga todas as pessoas. Isso possibilita que factos assim, aconteçam! E foram assim, os 100km’s de Portalegre… Abraços!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Palavras pra quê? Só mesmo quem vive o momento sabe o quão mistico pode ser... um abraço!

Ludovic disse...

Mto fixe mesmo. O q o Survivor diz, é mesmo verdade. Numa prova daquela envergadura, ao se chegar ao fim, até se tem vontade de chorar, ou por se ter conseguido, ou por se ter alguém a chamar por nós, ou por n ter ninguém a chamar por nós e só n passarmos despercebidos por causa da camisola envergada e o locutor q tá na chegada manda mais uma piada para a tua camisola, ou por termos fome e sede. O chegar ao fim daquela maratona, q foi apenas a maior concentração de bicicletas da Europa, é realmente um momento único e espectacular. Já chegaram mtos, chegas, e ainda continuam a chegar mtos ciclistas. É algo de mto louco e vale a pena! É por momentos desses q vale a pena andar de bicicleta!

rmadruga disse...

"É disto que o meu povo gosta" estou a sitar Oliveira Salazar, alguem muito odiado por muitos, mas fora as polémicas, esta frase tem muita expressão para muita gente.Quer ája um espirito o algo em comum que nos identifique o que é certo é que quem gosta, gosta e mais nada ,não á volta a dar.E tenho a certeza que quem anda á volta destas coisas, sabe bem o que sentiste e todos o que lá estiveram, e concerteza que todos gostariamos de lá estar.Mais uma vez para quem lá esteve que nunca se esqueça do que passou e que volte para o ano. Um Grande Abraço Para todos.

jormed disse...

Os meus parabéns ao Survivor pela forma como expressa aquilo que lhe passou pela alma durante a prova. Deve ter sido fantástico sem dúvida. Não há muito mais a acrescentar a não ser que só lamento não ter lá estado.
Para o ano veremos... mas vai depender sempre da data do Triatlo. Em Maio ou bem Triatlo ou bem Portalegre... lol
Um grande abraço!