sexta-feira, julho 14, 2006

Os "duros" também choram...


Pois é caros amigos! Não importa o preço pagar. No fundo, todo competidor, deseja ardentemente subir ao podium. E, por vezes arrisca-se demasiado, sobretudo, quando quer alcançar o atleta que vai na sua dianteira.
Foi exactamente o ke aconteceu ao Jormed, quando “ainda” pensou alcançar o Davide, ou aproximar-se o mais perto possível, dele. É claro ke, esse pensamento não passa pela cabeça de todos. Pelo menos, naqueles ke estiveram presentes na prova, à excepção do Jormed, que veio a pagar caro a sua ousadia, com uma queda violenta.
Estávamos nós a terminar a 6ª. volta, se não me falha a memória, quando ouvi uns gemidos atrás de mim. Era o Jormed! Perguntei-lhe o ke se passava e ele respondeu ke tinha caído e estava com muitas dores. Era visível no seu rosto o sofrimento ke trazia.
Disse-lhe para ter calma e continuar, pois, a prova estava quase no fim. Fui com ele toda aquela volta, incentivando-o e ele lá se animou um pouco mais e, voltou a ganhar-me mais uma pequena distância. Contudo, as mazelas da queda, começavam-se a notar e o ritmo dele caía a cada 10 metros.
Os gemidos continuavam a ouvir-se! Decidi então, fazer o resto da prova na sua companhia. A determinada altura não sei se ele gemia de esforço ou de dor. De repente, ele diz-me “…Survivor, não vou conseguir terminar a prova….” É nesse preciso momento ke lhe noto os olhos congestionados pelas lágrimas. Continuei a incentivá-lo…força Jormed! Falta cerca de 1000 metros! Reparei no esforço ke ele ostentava através do olhar triste, de um homem que lutava contra o desânimo e contra a dor.
Mesmo assim, confidenciou-me naquele momento: “….O Davide está muito forte! Tenho de lhe dar os parabéns! Fiquei a saber que melhorei a minha prestação, tendo-o como referência…”
Mas, a angústia, não fez com ke tivesse força, para não deixar escapar akela lágrima, traiçoeira, ao cortar a meta….Eu estava com ele, acompanhei o seu sofrimento e senti um arrepio que me fez esquecer as minhas mazelas da queda ke dei na 1ª volta. E, tive o privilégio de presenciar ke, a apesar das dores que o atormentavam, não se esqueceu do mérito do Davide Morais…
Portanto, caro amigos, tal exemplo ensina-nos que a glória e o pódium, chegam às vezes. Mas, o importante mesmo é competir, sem perder a esperança de alcançar a tão sonhada conquista: ser o primeiro…
Jorge Medeiros, mostraste: garra, desportivismo, companheirismo e confirmaste que os “duros” também choram… Abraços!!

2 comentários:

Ludovic disse...

Presenciei a chegada do jormed, mas n me apercebi do pormenor. É / foi um situação perfeitamente normal. Como é aqui referenciado, se pudessemos, todos ganhariamos ("TODA A GENTE QUER GANHAR")... mas a realidade n é assim, e quem ganha é mesmo quem está em melhor forma...reparem..."em melhor forma", pq n se trata de "se ser melhor" que os outros ou "pior q os outros". No ciclismo (BTT) inclusive n existem milagres (...para mim n existem em lado nenhum, mas dou o beneficio para quem quer acreditar em milagres...). Quem estiver bem fisicam/, e tb psicologicam/ estará por cima, na frente, na liderança. É assim, e sempre será. A parte da genetica é mais para a estrada( melhores carcteristicas para rolar / subir / jeito para sprintar). Enfim, isto só para dizer que o Jormed tem continuado a evoluir a olhos vistos, neste curto ano e meio que o tenho acompanhado nas provas, e ainda poderá evoluir mais concerteza.
A lágrima, é assim mesmo qdo se quer mto uma coisa... e n há vergonha de admiti-lo que queriamos ganhar e n fomos capazes, mas a quem doi mais, obviamente q é ao jorge... pq o segundo é o primeiro dos derrotados... E prontxe. Bom fim-de-semana pa todos, q me vou.
Hasta!

jormed disse...

Um post destes só mesmo vindo do Survivor...

Já disse várias vezes que foi um fim-de-semana especial a todos os níveis. Levei muito tempo a preparar-me para esta quinzena pois ia ter o Carvão (com convidados especiais) e a ida ao Campeonato nacional.
Tudo estava a correr conforme o planeado até ao momento da queda...
- já sabia que ia perder tempo para o Davide mas não sabia quanto! Fiquei a saber agora... e tenho a certeza que se não fosse a queda a diferença final para ele ficaria próximo dos 2 minutos e meio. Antes da prova apostava nos 5 ou 6 minutos... portanto até estou muito satisfeito!
- não considero que a queda foi por arriscar demasiado... ia a descer conforme acho que consigo descer... só que correu mal daquela vez. Para mim, naquela descida não há o meio termo. Se vamos muito devagar estamos sempre em desiquilibrio e a meter o pé no chão e perdemos uma eternidade de tempo... ou então vamos mais depressa pois torna-se mais fácil manter o equilíbrio. Optei pela segunda alternativa e se fosse hoje faria o mesmo. Nas corridas tento sempre dar o meu máximo e alguns sabem disso!
- após a queda senti mesmo muitas dores. Levei uma eternidade até me conseguir levantar e pegar na bike novamente e logo nos primeiros metros em cima da bike, senti que a coisa não estava bem. Doia-me muito a pedalar... qualquer covinha no chão parecia uma cratera de 10 metros.. até a bomba de ar que levava no bolso da camisa magoava-me nas costas.
- É verdade que me sairam algumas lágrimas... e muitos gemidos... na sua esmagadora maioria impróprios para serem ouvidos pelo meu filhote que foi ver a prova... por causa da dor provocada pelo pedalar...
- senti também uma grande angústia porque logo ali senti que os momentos para os quais me tinha preparado tinham ficado comprometidos.... neste momento, em vez de estar aqui a escrever este texto, deveria estar em Guimarães para daqui a poucas horas disputar o Campeonato Nacional de Veteranos A...!!!!!!!!

Não sou gajo de desistir facilmente e acho que isso faz parte do espírito de quem pratica BTT e ciclismo em geral... se há coisa que este desporto nos dá é capacidade de sofrimento, capacidade de o gerir e até mesmo de capacidade para conviver com ele nalgumas situações mais intensas como aconteceu com com muitos de nós no Carvão... sim porque foram muitos a ir ao tapete e também com muitas mazelas bem visíveis... mas não vi ninguém a desistir por causa das quedas!

Acho que naquele dia fomos todos "duros"... o choro não foi por ser o segundo ou o primeiro dos derrotados como diz o Ludo... foi apenas e só pela dor física. Também nunca perdi a noção de que estava numa corrida e nessa temos de dar os parabéns a quem vence com mérito!
Abraço!